Fernando Penim Redondo
Nasceu em Lisboa, em Maio de 1945. Aos 13 anos falhou os seus objectivos escolares e, como castigo, passou o Verão a trabalhar ao balcão de uma loja de fotografia, na Baixa de Lisboa, onde descobriu que “tirar fotografias” podia ser uma coisa muito divertida.
Em 1967, inspirado pelo filme "Mudar de Vida" de Paulo Rocha, fez o seu primeiro projecto fotográfico, "Furadouro", centrado na arte xávega e nos pescadores. Foi publicado no Diário de Lisboa e no Boletim do Cineclube Universitário de Lisboa.
Nesse mesmo ano foi incorporado na Armada e enviado como tenente fuzileiro para a Guiné, onde permaneceu até 1970. Lá comprou a sua primeira máquina “a sério” e começou também a usar em casa um pequeno laboratório fotográfico.
Em Lisboa publicou reportagens fotográficas na imprensa: “Furadouro” no Diário de Lisboa e “A primavera de Moscovo” em “O Jornal”, 1988.
O livro “Camera Craft – Black & White” da editora AVA Publishing SA incluiu, em 2005, trabalhos seus.
Em 2023 integrou um grupo de fotógrafos na publicação do livro "10+1", com chancela da Editora By The Book.
Frequentou diversos cursos de Estética, História da Arte e História da Fotografia no AR.CO.
Em 2010 participou durante um ano no workshop Kmaster, da Kameraphoto.
Integrou também o Workshop "Narrativas 2019" do Movimento de Expressão Fotográfica.
Ao longo da vida fotografou em locais como a Guiné, EUA, Rússia, Cazaquistão, Sibéria, Marrocos, Cuba, China, Índia, Egipto, Nepal, Peru, Patagónia, Emirados, Japão, etc, o que lhe permitiu constituir um banco de imagens com centenas de milhares de originais.
Em 2010 foi-lhe atribuido o primeiro prémio no concurso promovido pelo banco MONTEPIO GERAL sob o tema "Pobreza e exclusão social".
Em 2012 foi seleccionado para participar na Exposição Central do KAUNAS Photo Festival, na Lituânia.
Desde 2006 realizou cerca de cinquenta exposições, quer de fotografias quer de câmaras, em Portugal, na Holanda, na Lituânia e no Brasil. A maior parte das exposições teve lugar em museus, centros culturais e bibliotecas municipais mas também ao ar livre, como a mostra permanente Expo Mocho (em Sacavém).
Em 2018 realizou duas exposições na Guiné, com fotografias feitas cinquenta anos antes durante a Guerra Colonial. Tiveram lugar no Centro Cultural Português e no Museu Etnográfico, a cujo acervo ofereceu as 48 ampliações expostas.
Tornou-se entretanto coleccionador de equipamentos antigos e, nessa qualidade, desde 2012 vem realizando o projecto Flashback que consiste em fotografar o seu habitat com mais de 500 câmaras fotográficas, de rolo de filme, fabricadas ao longo de todo o século XX.
Nesse âmbito tem exposto câmaras, rolos fotográficos e documentação, e realizado conferências sobre a colecção e sobre a história dos equipamentos fotográficos no século XX.
Transfigurar o trivial
A minha primeira câmara digital, que ainda possuo, foi comprada em Nova York, no fim dos anos 90, e era de um primarismo que hoje chega a ser até difícil de explicar.
Em 2002 comprei o que parecia ser uma câmara portentosa, com zoom integrado e uns luxuosos 5 megapixeis.
A definição das imagens era excelente mas tinha um problema; o longo intervalo de tempo entre o disparo e a criação da imagem no sensor. Qualquer objecto em movimento, mesmo lento, nunca era captado na posição em que o víramos pelo visor no momento do disparo.
Foi assim, por uma questão técnica, que eu descobri a beleza dos objectos inanimados, das coisas imóveis e das arquitecturas. Ainda hoje gosto bastante alguns dos minimalismos produzidos, no início do século XXI, com aquela máquina.
A descoberta desse tipo de fotografia continuou a influenciar-me, ao longo dos anos, mesmo depois de ter tido acesso às modernas SLRs que permitem fotografar a velocidades extremas.
Nunca deixei de fotografar geometrias e pormenores abstractizantes, embora sempre tenham sido as viagens a ter um papel preponderante.
É mais provável agradar fotografando portentosas paisagens ou monumentos, captando momentos irrepetíveis da vida social e da natureza ou eternizando retratos de pessoas dotadas de belezas sublimes ou exóticas.
Mas há um prazer único na transfiguração de coisas triviais que, estando à vista de todos, só alguns vêem.
Tentar fazer muito com quase nada.